terça-feira, 1 de março de 2011

O Violão no Paraná

Começarei essa grande jornada na apresentação e divulgação do trabalho musical Paranaense, com um texto do professor Mário da Silva, que desenvolve com muito afinco a pesquisa e a difusão do violão paranaense.

"O violão no Paraná apresenta características muito particulares no que diz respeito à produção e interpretação do repertório, denotando uma grande diversidade de linguagens. Em Curitiba, uma tradição musical européia somada à aproximação de países de língua espanhola, como o Uruguai, provavelmente são fatores contribuintes para essa diversidade. No Uruguai, Abel Carlevaro (aluno de Andrés Segovia) já apontava para uma reflexão de uma técnica interpretativa mais crítica e de uma motivação para a produção e interpretação de repertório contemporâneo. A percepção e visão estética e cultural do violonista e compositor Jaime Zenamon fez com que ele mesmo e muitos de seus alunos como Orlando Fraga, Norton Dudeque e Chico Mello fossem buscar novas informações nos Festivais de Porto Alegre e Montevidéu, nos quais Abel Carlevaro lecionava na década de 1980. Zenamon, além de ter criado o Curso Fundamental de violão da EMBAP (depois transformado e estruturado em Bacharelado por Orlando Fraga), atua como compositor em produções sob encomenda para renomados intérpretes. Suas composições abrangem desde violão solo até concertos com orquestra, chegando a contar mais de 100 obras. O fato do criador do curso de violão da EMBAP ter sido um violonista pode ter contribuído para que estudantes de violão e compositores locais como Chico Mello, Norton Dudeque, Guilherme Campos, Rogério Budasz, Octávio Camargo, Arrigo Barnabé, Carmo Bartoloni e João José F. Pereira produzissem para o instrumento, todos com significativa representatividade, chegando a um total de mais de 200 obras.

A qualidade de violonistas paranaenses atuando em setores diferenciados da música vai desde a busca de refinamento de uma narrativa convencional da música, como no caso de Luiz Cláudio Ribas Ferreira, até a mais complexa experimentação de narrativas estruturalistas (atonalismo e serialismo) e de descontrole e indeterminância (aleatoriedade e conceitualismo), como nos casos de Orlando Fraga e Mário da Silva, causando ressonância nacional e internacional. É importante salientar os grupos camerísticos de Curitiba (todos com gênese dentro da EMBAP) que se incorporaram a este repertório de narrativas diversificadas e foram responsáveis pela divulgação da produção paranaense: o Trio Giuliani (coordenado por Jaime Zenamon na década de 70), Quarteto de Violões de Curitiba (coordenado por Orlando Fraga na década de 80) e o grupo Contemposonoro (coordenado por Bertold Türcke e Chico Mello na década de 90)."

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